Sub Figura VII
Sendo a Emancipação Voluntária de um certo Adeptus Exemptus de seu Adeptado.
Estas são as Palavras de Nascimento de um Mestre do Templo.
A.·.A.·.
Publicação em Classe A.
Imprimatur:
N. Fra A.·. A.·.
Prólogo do Inascido
- À minha solidão chega -
- O som de uma flauta em bosques obscuros que se encontram nos montes mais distantes.
- Mesmo do bravo rio, eles atingem a borda do deserto.
- E Eu vejo Pan.
- As neves são eternas acima, acima -
- E o perfume delas fumega para o alto até as narinas das estrelas.
- Mas o que Eu tenho a ver com isto?
- Para mim, somente a flauta distante, a duradoura visão de Pan.
- Em todos os lados, Pan para o olho, para o ouvido;
- O perfume de Pan penetrando, o gosto dele enchendo completamente a minha boca, de modo que a língua irrompe num idioma monstruoso e estranho.
- O abraço dele intenso em todo centro de prazer e dor.
- O sexto sentido interior se inflama com Seu ser mais íntimo;
- Eu mesmo arremessado ao precipício do ser.
- Mesmo ao abismo, aniquilação.
- Um fim para a solidão, como para tudo.
- Pan! Pan! Io Pan! Io Pan!
I
- Meu Deus, como Eu Te amo!
- Com o apetite veemente de uma besta, Eu Te busco pelo Universo.
- Tu estás de pé como se estivesses sobre um pináculo no limite de alguma cidade fortificada.
- Eu sou um pássaro branco e me empoleiro sobre Ti.
- Tu és o Meu Amante: Eu Te vejo como uma ninfa com seus membros brancos estendidos junto à fonte.
- Ela está deitada sobre o musgo; não há ninguém mais que não ela:
- Não és Tu Pan?
- Eu sou Ele. Não fales, Ó meu Deus! Que o trabalho seja realizado em silêncio.
- Que meu grito de dor se cristalize num pequeno fauno branco a fugir para dentro da floresta! 9. Tu és um centauro, Oh meu Deus, dos brotos de violeta que Te coroam até os cascos do cavalo.
- Tu és mais duro que o aço temperado; não há diamante igual a Ti.
- Eu não entreguei este corpo e alma?
- Eu te cortejo com uma adaga passada pela minha garganta.
- Que o jorro de sangue sacie Tua sede de sangue, Ó meu Deus!
- Tu és um coelhinho branco na toca da Noite.
- Eu sou maior que a raposa e o buraco.
- Dá-me Teus beijos, Ó Senhor Deus!
- O relâmpago veio e lambeu o pequeno rebanho de ovelhas.
- Há uma língua e uma flama; Eu vejo aquele tridente caminhando sobre o mar.
- Uma fênix o tem como sua cabeça; abaixo, há dois dentes. Eles perfuram os maus.
- Eu Te perfurarei, Ó Tu, deusinho cinza, a não ser que Tu te cuides!
- Do cinza ao ouro; do ouro àquilo que está além do ouro de Ofir.
- Meu Deus! mas Eu Te amo!
- Por que Tu sussurraste tantas coisas ambíguas? Tu estavas com medo, Ó Tu, de pés-de-bode, Ó Tu, chifrudo, Ó pilar de relâmpago?
- Do relâmpago caem pérolas; das pérolas, partículas negras de nada.
- Eu baseei tudo em um, um em nada.
- Flutuando no éter, Ó meu Deus, meu Deus!
- Ó Tu, grande sol de glória encoberto, corta estas pálpebras!
- A natureza morrerá; ela me esconde, fechando minhas pálpebras com medo, ela me esconde de Minha destruição, Ó Tu, olho aberto.
- Ó, O sempre choroso!
- Nem Ísis, minha mãe, nem Osíris, Eu mesmo; mas o incestuoso Hórus, entregando-se a Tifon, assim seja Eu!
- Há pensamento; e pensamento é mal.
- Pan! Pan! Io Pan! é bastante.
- Não caias na morte, Ó minha alma! Pensa que a morte é a cama na qual tu estás caindo!
- Ó, como Eu Te amo, Ó meu Deus! Especialmente há uma veemente luz paralela do infinito, difratada de modo vil na névoa desta mente.
- Eu Te amo. Eu te amo. Eu te amo.
- Tu és uma coisa bela, mais branca que uma mulher na coluna desta vibração.
- Eu me lanço verticalmente como uma flecha e me torno Aquilo acima.
- Mas isto é morte, e a flama da pira.
- Ascende na flama da pira, Ó minha alma! Teu Deus é como o frio vazio do mais extremo céu, no qual tu irradias tua pequena luz.
- Quando Tu me conheceres, Ó Deus vazio, minha chama expirará completamente em Teu grande N.O.X.
- O que Tu serás, meu Deus, quando Eu deixar de Te amar?
- Um verme, um nada, uma velhaco desprezível.
- Mas Oh! Eu Te amo.
- Eu atirei um milhão de flores da cesta do Além aos Teus pés, Eu ungi a Ti e ao Teu Cajado com óleo e sangue e beijos.
- Eu acendi Teu mármore para a vida - sim! para a morte.
- Eu fui golpeado com o vapor da Tua boca, que nunca bebe vinho, mas vida.
- Como o orvalho do Universo embranquece os lábios!
- Ah! piscante fluxo das estrelas da mãe Supernal, vai-te!
- Eu Sou Ela, que deve vir, a Virgem de todos os homens.
- Eu sou um menino diante de Ti, Ó Deus sátiro.
- Tu infligirás a punição do prazer. Agora! Agora! Agora!
- Io Pan! Io Pan! Eu Te amo. Eu Te amo.
- Ó meu Deus, poupa-me!
- Agora! Está feito! Morte.
- Eu gritei alto a palavra - e ela foi um potente encanto para atar o Invisível, um encantamento para desatar o atado; sim para desatar o atado.
II
- Ó meu Deus! usa-me Tu de novo, sempre. Para sempre! Para sempre!
- Aquilo que veio fogo de Ti vem água de mim; portanto, que Teu Espírito se aposse de mim, para que minha mão direita solte o relâmpago.
- Viajando pelo espaço, Eu vi o ataque de duas galáxias, zombando uma da outra e chifrando como touros sobre a terra. Eu estava com medo.
- Assim, elas cessaram a luta e voltaram-se contra mim, e Eu fui penosamente esmagado e dilacerado.
- Eu preferiria ter sido calcado pelo Elefante do Mundo.
- Ó, meu Deus! Tu és minha pequenina tartaruga de estimação!
- Porém, Tu sustentas o Elefante do Mundo.
- Eu rastejo sob tua carapaça, como um amante na cama de sua bela; Eu rastejo para dentro e sento-me em Teu coração, por menor e mais apertado que possa ser.
- Tu me abrigas, e Eu não ouço o toque da trombeta daquele Elefante do Mundo.
- Tu não vales um óbolo na praça de mercado; no entanto, Tu não podes ser comprado pelo valor de todo o Universo.
- Tu és como uma bela escrava Núbia, inclinando sua púrpura nua contra os verdes pilares de mármore que estão acima do banho.
- Vinho jorra de seus negros mamilos.
- Eu bebi vinho há pouco tempo na casa de Pertinax. O escanção favoreceu-me, e deu-me do dulcíssimo Chian.
- Havia um jovem Dórico, perito em feitos de força, um atleta. A lua cheia desapareceu com raiva abaixo das ruínas. Ah! mas nós rimos.
- Eu fiquei perniciosamente bêbado. Ó meu Deus! Porém, Pertinax levou-me às bodas.
- Eu tive uma coroa de espinhos como único dote.
- Tu és como um chifre de bode de Astor, Ó Tu, Deus meu, áspero e retorcido e diabolicamente forte.
- Mais frio que todo o gelo de todos os glaciares da Montanha Nua foi o vinho que ele derramou para mim.
- Um país selvagem e uma lua minguante. Nuvens correndo pelo céu. Um círculo de pinheiros, e de altos seixos além. Tu no meio!
- Ó, todos vós, sapos e gatos, alegrai-vos! Vós, coisas gosmentas, vinde aqui!
- Dançai, dançai para o Senhor nosso Deus!
- Ele é ele! Ele é ele! Ele é ele!
- Por que Eu deveria prosseguir?
- Por que? Por que? Vem o cacarejo súbito de um milhão de diabinhos do inferno.
- E o riso se alastra.
- Mas não afeta o Universo; não treme as estrelas.
- Deus! Como Eu Te amo!
- Eu estou andando num asilo; todos os homens e mulheres em volta minha são insanos.
- Oh loucura! Oh loucura! Desejável és tu!
- Mas Eu Te amo, Ó Deus!
- Estes homens e mulheres deliram e uivam; eles espumejam tolice.
- Eu começo a sentir medo. Eu não tenho controle; Eu estou só. Só. Só.
- Pensa, Ó Deus, como Eu sou feliz em Teu amor.
- Ó, Pan de mármore! Ó, falsa face maligna! Eu amo Teus beijos escuros, sangrentos e mau cheirosos! Ó, Pan de mármore! Teus beijos são como a luz do sol no Egeu azul; teu sangue é o sangue do poente sobre Atenas; teu mau cheiro é como um jardim de Rosas da Macedônia.
- Eu sonhei com poente, e rosas, e vinhedos; Tu estavas lá, Ó meu Deus, Tu Te disfarçaste como uma cortesã de Atenas, e Eu Te amei.
- Tu não és um sonho, Ó Tu, tão belo, tanto para o sono como para a vigília!
- Eu disperso as pessoas insanas da terra; Eu caminho sozinho com meus fantoches no jardim.
- Eu sou grande como Gargantua: aquela galáxia é apenas o anel de fumo do meu incenso.
- Queima Tu ervas estranhas, Ó Deus!
- Fermentai-me um licor mágico, rapazes, com vossas olhadas!
- A própria alma está bêbada.
- Tu estás bêbado, Ó meu Deus, com os meus beijos.
- O Universo vacila; To o olhaste.
- Duas vezes, e tudo está feito.
- Vem, Ó meu Deus, e abracemo-nos!
- Preguiçosamente, esfomeadamente, ardentemente, pacientemente; assim Eu trabalharei.
- Haverá um Fim.
- Ó Deus! Ó Deus!
- Eu sou um tolo de Te amar, Tu és cruel, Tu Te conténs.
- Vem a mim agora! Eu Te amo! Eu Te amo!
- Ó meu querido, meu querido - Beija-me! Beija-me! Ah! Uma vez mais.
- Sono, toma-me! Morte, toma-me! Esta vida é por demais cheia; ela dói, ela mata, ela basta.
- Que Eu volte para o mundo; sim, volte para o mundo.
III
- Eu fui o sacerdote de Ammon-Ra no templo de Ammon-Ra em Thebai.
- Mas Baco veio cantando com suas tropas de garotas vestidas de vinha, de garotas em mantos escuros; e Baco no meio como um fauno!
- Deus! Como Eu saí em minha raiva e dispersei o coro!
- Mas em meu templo permaneceu Baco como o sacerdote de Ammon-Ra.
- Portanto, Eu fui loucamente com as garotas a Abissínia; e lá nós moramos e nos divertimos.
- Excedentemente; sim, bom de verdade!
- Eu comerei o fruto maduro e o verde pela glória de Baco.
- Terraços de azevinho e fileiras de ônix e opalas e sardônia levando até o fresco portal verde de malaquita.
- Dentro há uma concha de cristal, na forma de uma ostra. Ó, glória de Príapo! Ó, beatitude da Grande Deusa!
- Ali dentro, há uma pérola.
- Ó, Pérola! Tu vieste da majestade do terrível Ammon-Ra.
- Então Eu, o sacerdote, vi um brilho firme no coração de pérola.
- Tão vivo que não podíamos olhar! Mas vede! Uma rosa cor-de-sangue sobre uma cruz de ouro fulgente!
- Assim Eu adorei o Deus. Baco! tu és o amante de meu Deus!
- Eu, que fui sacerdote de Ammon-Ra, que vi o Nilo correr por muitas luas, por muitas, muitas luas, sou o jovem fauno da terra cinza.
- Eu estabelecerei minha dança em vossos conventículos, e meus amores secretos serão doces entre vós.
- Tu terás um amante entre os senhores da terra cinza.
- Isto ele trará para ti, sem o que tudo é em vão: a vida de um homem derramada ao teu amor sobre Meus Altares.
- Amén.
- Que seja logo, Ó Deus, meu Deus! Eu peno por Ti, Eu vago muito só entre a gente louca, na terra cinza da desolação.
- Tu levantarás a abominável Coisa solitária de maldade. Oh alegria! para enterrar aquela pedra fundamental!
- Ela permanecerá ereta sobre a montanha alta; somente meu Deus comungará com ela.
- Eu a construirei de um rubi único; ela será vista de bem longe.
- Vem! irritemos os vasos da terra: eles destilarão vinho estranho.
- Ela cresce sob minha mão: ela cobrirá todo o céu.
- Tu estás atrás de mim: Eu grito com uma alegria louca.
- Então disse Ituriel, o forte: adoremos Nós também esta maravilha invisível!
- Assim eles fizeram, e os arcanjos cobriram o céu.
- Estranho e místico, como um sacerdote amarelo invocando fortes revoadas de grandes pássaros cinzas do Norte, assim estou de pé e Te invoco!
- Que elas não obscureçam o sol com suas asas e seu clamor!
- Retirem-se a forma e seu cortejo!
- Eu permaneço.
- Tu és como uma águia marinha num arrozal, Eu sou o grande pelicano vermelho nas águas do poente.
- Eu sou como um eunuco negro; e Tu és a cimitarra. Eu decepo a cabeça do leviano, do quebrador de pão e sal.
- Sim, Eu decepo, e o sangue faz como se fosse um pôr do sol no lápis-lazuli do Quarto de dormir do Rei.
- Eu decepo. O mundo inteiro é quebrado num forte vendaval, e uma voz berra numa língua que os homens não podem falar.
- Eu conheço aquele horrível som de alegria primeva; sigamos nas asas da ventania, mesmo até a casa santa de Hator; ofereçamos as cinco jóias da vaca sobre o seu altar!
- De novo a voz inumana!
- Eu ergo minha massa de Titã nos dentes da ventania, e golpeio e prevaleço, e lanço-me por sobre o mar.
- Lá está um estranho Deus pálido, um deus de dor e de maldade mortal.
- Minha própria alma morde-se a si mesma, como um escorpião cercado de fogo.
- Aquele pálido Deus de face cuidadosa, aquele Deus de sutileza e riso, aquele jovem Deus Dórico, a ele Eu servirei.
- Pois o fim daquilo é tormento indizível.
- Melhor a solidão do grande mar cinza!
- Mas aflição recaia sobre a gente da terra cinza, meu Deus!
- Deixe-me sufocá-los com minhas rosas!
- Oh Tu, Deus delicioso, sorriso sinistro!
- Eu te colho, Ó meu Deus, como uma ameixa púrpura sobre uma árvore ensolarada. Como Tu te dissolves em minha boca, Tu, consagrado açúcar das Estrelas!
- O mundo é todo cinza diante dos meus olhos: é como um velho odre de vinho usado.
- Todo o vinho dele está sobre estes lábios.
- Tu me geraste sobre uma Estátua de mármore, Ó meu Deus!
- O corpo está gelado com o frio de um milhão de luas; é mais duro que o diamante da eternidade. Como prosseguirei até a Luz?
- Tu és Ele, Ó Deus! Ó meu querido! Minha criança! Meu brinquedo! Tu és como um grupo de donzelas, como uma multidão de cisnes sobre o lago.
- Eu sinto a essência da maciez.
- Eu sou duro, e forte, e másculo; mas vem Tu! Eu serei macio, e fraco, e feminino.
- Tu me esmagarás no lagar de vinho do Teu amor. Meu sangue tingirá Teus pés ardentes com litanias de Amor em Angústia.
- Haverá uma nova flor nos campos, uma nova vindima nos vinhedos.
- As abelhas colherão um novo mel; os poetas cantarão uma nova canção.
- Eu ganharei a Dor do Bode como meu prêmio; e o Deus que senta sobre os ombros do Tempo cochilará.
- Então tudo isto que está escrito será realizado; sim, será realizado.
IV
- Eu sou como uma donzela se banhando numa clara poça de água fresca.
- Ó meu Deus! Eu Te vejo escuro e desejável, subindo através da água como uma fumaça dourada.
- Tu és completamente dourado, o cabelo e as sobrancelhas e a face brilhante; igualmente das pontas dos dedos às pontas dos artelhos, Tu és um rosado sonho de ouro.
- Fundo em Teus olhos, que são dourados, minha alma pula, como um arcanjo ameaçando o sol.
- Minha espada Te atravessa e atravessa; luas cristalinas escoam lentamente do Teu belo corpo, que está escondido atrás das ovais de Teus olhos.
- Mais fundo, sempre mais fundo. Eu caio, mesmo como todo o Universo cai no abismo de Anos.
- Pois a Eternidade chama; o Sobremundo chama; o mundo da Palavra está nos esperando.
- Acaba com a fala, Ó Deus! Crava as presas do cão Eternidade nesta minha garganta!
- Eu sou como um pássaro ferido voando em círculos.
- Quem sabe onde Eu vou cair?
- Ó Abençoado! Ó Deus! Ó meu devorador!
- Deixa-me cair, precipitar-me, afastar-me, longe, só!
- Deixa-me cair!
- Nem há qualquer descanso, Coração Doce, salvo no berço do régio Baco, a coxa do Mais Sagrado.
- Lá descanso, sob o dossel da noite.
- Urano censurou Eros; Marsyas censurou Olympas; Eu censuro meu belo amante com a sua juba de raios de sol; não cantarei?
- Meus encantamentos não trarão à minha volta a maravilhosa companhia dos deuses da selva, seus corpos luzindo com o ungüento de luar, e mel, e mirra?
- Adoráveis sois vós, Ó meus amantes; avancemos para o vale mais sombrio!
- Lá nós festejaremos sobre mandrágora e sobre alho mágico!
- Lá O amável nos estenderá Seu santo banquete. Nos bolos castanhos de trigo, nós provaremos a comida do mundo, e seremos fortes.
- Na rubra e medonha taça da morte, nós beberemos o sangue do mundo, e ficaremos bêbados!
- Ohé! a canção a Iao, a canção a Iao!
- Vem, cantemos para ti, Iacchus invisível, Iacchus triunfante, Iacchus indizível!
- Iacchus, Ó Iacchus, Ó Iacchus, fica perto de nós!
- Então a face de todo o tempo foi escurecida, e a verdadeira luz exibiu-se.
- Houve também um certo grito numa língua desconhecida, cuja estridência perturbou as águas quietas de minha alma, de forma que minha mente e meu corpo foram curados de sua doença, o auto-conhecimento.
- Sim, um anjo perturbou as águas.
- Este foi o grito d'Ele: IIIOOShBTh-IO-IIIIAMAMThIBI-II
- Nem Eu cantei isto mil vezes por noite por mil noites antes que Tu viesses, Ó meu Deus flamejante, e me perfurasses com Tua lança. Teu robe escarlate desdobrou o céu inteiro, de forma que os Deuses disseram: Tudo está queimando; é o fim.
- Também Tu puseste teus lábios na ferida e sugaste um milhão de ovos. E Tua mãe sentou-se sobre eles, e vê! Estrelas e estrelas e Coisas ultimais das quais estrelas são os átomos.
- Então Eu Te percebi, Ó meu Deus, sentado como um gato branco sobre a treliça do porto; e o zumbido dos mundos giratórios era apenas o Teu prazer.
- Ó, gato branco, as faíscas voam do Teu pelo! Tu crepitas partindo os mundos.
- Eu vi mais de Ti no gato branco do que Eu vi na Visão dos Æons.
- No bote de Ra, Eu viajei, mas nunca encontrei sobre o Universo visível qualquer ser como Tu!
- Tu eras como um cavalo branco alado, e Eu Te fiz correr pela eternidade contra o Senhor dos Deuses.
- Assim nós ainda corremos!
- Tu eras como um floco de neve caindo nos bosques de pinheiros.
- Num instante Tu sumiste num deserto do parecido e do diferente.
- Mas Eu vi o belo Deus atrás de uma nevasca, e Tu eras Ele!
- Também Eu li num grande Livro.
- Sobre antigo pergaminho estava escrito em letras de ouro: Verbum fit Verbum.
- Também Vitriol e o nome do hierofante, V.V.V.V.V.
- Tudo isto girava em fogo, em fogo estelar, raro e longínquo e completamente solitário, - assim como Tu e Eu. Ó alma desolada, meu Deus!
- Sim, e a escrita,
- Oito vezes ele gritou alto, e por oito e por oito Eu contarei Teus favores, Oh Tu, Deus Undécuplo 418!
- Sim, e por muito mais; pelas dez nas vinte e duas direções; assim como a perpendicular da Pirâmide, assim Teus favores serão.
- Se Eu os numero, eles são Um.
- Excelente é o Teu amor, Oh Senhor! Tu és revelado pela escuridão, e aquele que tateia no horror dos bosques Te pegará alegremente, igual a uma cobra que agarra um passarinho que canta.
- Eu Te peguei, Ó meu tordo macio; Eu sou como um falcão de esmeralda-mãe; Eu Te pego por instinto, apesar de meus olhos falharem da Tua glória.
- Porém, eles são apenas gente tola ali. Eu os vejo sobre a areia amarela, todos vestidos de púrpura de Tiro.
- Eles puxam seu Deus brilhante para a terra em redes; eles preparam um fogo para o Senhor do Fogo, e gritaram palavras profanas, mesmo a medonha maldição Amri maratza, maratza, atmam deona Lastadza maratza maritza - marán!
- Então eles cozinham o deus brilhante, e o engolem inteiro.
- Esta é gente má, Ó belo menino lindo! passemos ao Outro mundo.
- Tornemo-nos uma isca agradável, numa forma sedutora!
- Eu serei como uma esplêndida mulher nua com seios de marfim e mamilos dourados; meu corpo inteiro será como leite das estrelas. Eu serei lustrosa e grega, uma cortesã de Delos, da Ilha instável.
- Tu serás como um vermezinho rubro num anzol.
- Mas tu e Eu pegaremos nossos peixes igualmente.
- Então serás Tu um peixe brilhante de costas douradas e barriga prateada: Eu serei como um belo homem violento, mais forte que duas vintena de touros, um homem do Oeste carregando um grande saco de jóias preciosas sobre um cajado que é maior que o eixo do todo.
- E o peixe será sacrificado a Ti, e o homem forte crucificado para mim, e Tu e Eu nos beijaremos, e repararemos o erro do Princípio; sim, o erro do princípio.
V
- Ó meu belo Deus! Eu nado no Teu coração como uma truta na torrente da montanha.
- Eu pulo de poça em poça em minha alegria; Eu sou belo de castanho e ouro e prata.
- Ora, Eu sou mais formoso que os bosques ruivos de outono após a primeira nevada.
- E a caverna de cristal do meu pensamento é mais formosa do que Eu.
- Apenas um anzol pode me apanhar; é uma mulher ajoelhada à margem da corrente. É ela que derrama o orvalho brilhante sobre si mesma e na areia, de forma que o rio jorra.
- Há um pássaro naquele mirto ali; somente a canção daquele pássaro pode me tirar da poça do Teu coração, Ó meu Deus!
- Quem é este menino Napolitano que ri em sua felicidade? Seu amante é a poderosa cratera da Montanha de Fogo. Eu vi seus membros queimados descendo as encostas numa furtiva língua de pedra líqüida.
- E Oh! o chio da cigarra!
- Eu me lembro dos dias quando Eu fui cacique no México.
- Ó meu Deus, eras Tu então, como agora, meu belo amante?
- Foi minha mocidade então, como agora, Teu brinquedo, Tua alegria?
- Em verdade, Eu me lembro daqueles dias férreos.
- Eu me lembro de como inundávamos os lagos amargos com nossa torrente de ouro; como nós afundávamos a imagem preciosa na cratera de Citlaltepetl.
- Como a boa flama nos elevou mesmo até às terras baixas, deixando-nos na floresta impenetrável.
- Sim, Tu foste um estranho pássaro escarlate com um bico de ouro. Eu fui Teu parceiro nas florestas da terra baixa; e sempre ouvíamos de longe o canto agudo de sacerdotes mutilados e o clamor insano do Sacrifício de Donzelas.
- Havia um esquisito Deus alado que nos falava de sua sabedoria.
- Nós conseguimos nos tornar grãos brilhantes de poeira dourada nas areias de um lento rio.
- Sim, e aquele rio era o rio do espaço e tempo também.
- Nós nos separamos ali; sempre para o menor, sempre para o maior, até que agora, Ó doce Deus, nós somos nós próprios, os mesmos.
- Ó meu Deus! Tu és como um bodezinho branco com relâmpago em seus chifres!
- Eu Te amo, Eu Te amo.
- Todo alento, toda palavra, todo pensamento, todo ato é um gesto de amor Contigo.
- A batida do meu coração é o pêndulo do amor.
- Minhas canções são os suspiros leves:
- Meus pensamentos são verdadeiro êxtase:
- E meus atos são as miríades de Tuas crianças, as estrelas e os átomos.
- Que nada exista!
- Que todas as coisas caiam neste oceano de amor!
- Seja esta devoção um potente encantamento para exorcizar os demônios dos Cinco!
- Ah Deus, tudo se foi! Tu consumas Teu êxtase. Falútli! Falútli!
- Há uma solenidade de silêncio. Não existe mais nenhuma voz.
- Assim será até o fim. Nós, que fomos pó, nunca cairemos no pó.
- Assim será.
- Então, Ó meu Deus, o sopro do Jardim de Especiarias. Todas estas tem um sabor adverso.
- O cone é cortado por um raio infinito; a curva da existência hiperbólica surge no ser.
- Mais e mais longe nós flutuamos; porém nós estamos parados. É a corrente dos sistemas que está caindo para longe de nós.
- Primeiro cai o mundo tolo; o mundo da antiga terra cinza.
- Ele cai inimaginavelmente longe, com sua tristonha face barbada presidindo-o; desaparece em silêncio e dor.
- Nós, em silêncio e alegria, e a face é a risonha face de Eros.
- Sorrindo o saudamos com os sinais secretos.
- Ele nos conduz ao Palácio Invertido.
- Lá está o Coração de Sangue, uma pirâmide com seu ápice para baixo tocando além do Erro do Princípio.
- Enterra-me na Tua Glória, Ó amado, Ó amante principesco desta donzela prostituta, dentro da mais Secreta Câmara do Palácio!
- Isto é feito rápido; sim, o selo é aposto sobre a cripta.
- Há um que conseguirá abri-la.
- Nem pela memória, nem pela imaginação, nem pela oração, nem pelo jejum, nem pelo flagelo, nem pelas drogas, nem por ritual, nem pela meditação; ele valerá só pelo amor passivo.
- Ele esperará pela espada do Amado, e despirá sua garganta para o golpe.
- Então seu sangue pulará e me escreverá runas no céu; sim, me escreverá runas no céu.
VI
- Tu eras uma sacerdotisa, Ó meu Deus, entre os Druidas; e nós conhecíamos os poderes do carvalho.
- Nós nos fizemos um templo de pedras na forma do Universo, mesmo como tu usavas abertamente e Eu escondido.
- Lá nós realizamos muitas coisas maravilhosas à meia-noite.
- Pela lua minguante nós trabalhamos.
- Por sobre a planície veio o atroz uivo de lobos.
- Nós respondemos; nós caçamos com a alcatéia.
- Chegamos mesmo à Capela nova e Tu levaste o Santo Graal debaixo de Tuas vestimentas de Druida.
- Secretamente e às escondidas, nós bebemos do sacramento informador.
- Então uma terrível enfermidade se apoderou da gente da terra cinza; e nós nos regozijamos.
- Ó meu Deus, disfarça Tua glória!
- Vem como um ladrão, e que nós roubemos os Sacramentos!
- Em nossos bosques, em nossas celas de claustro, em nosso favo de alegria, bebamos, bebamos!
- É o vinho que tinge todas as coisas com a verdadeira tintura de infalível ouro.
- Há profundos segredos nestas canções; não basta ouvir a pássaro; para apreciar a canção, ele deve ser o pássaro.
- Eu sou o pássaro, e Tu és minha canção, Ó meu glorioso Deus galopante!
- Tu puxas as rédeas das estrelas; tu guias as constelações sete a sete pelo círculo do Nada.
- Tu, Deus Gladiador!
- Eu toco minha harpa, Tu lutas contra as bestas e as flamas.
- Tu tomas Tua alegria na música, e Eu na luta.
- Tu e Eu somos queridos do Imperador.
- Vê? ele nos chamou ao palanque imperial. A noite cai; ela é uma grande orgia de adoração e de gozo.
- A noite cai como um manto reluzente dos ombros de um príncipe sobre um escravo.
- Ele se ergue um homem livre!
- Joga tu, Ó profeta, o manto sobre estes escravos!
- Uma grande noite, e fogos escassos nela; mas liberdade para o escravo que a glória dela cercará.
- Assim, também Eu desci à grande cidade triste.
- Lá a morta Messalina trocava sua coroa pelo veneno da morta Locusta; lá estava Calígula, e golpeava os mares de esquecimento.
- Quem eras Tu, Oh César, Tu, que percebias Deus num cavalo?
- Pois vê! nós contemplamos o Cavalo Branco dos Saxões gravado sobre a terra; e nós contemplamos os Cavalos do mar que flamejam em volta da velha terra cinza, e a espuma das suas narinas nos ilumina!
- Ah! mas Eu te amo, Deus!
- Tu és como uma lua sobre o mundo de gelo.
- Tu és como a aurora das mais extremas neves sobre as planícies secas da terra do tigre.
- Pelo silêncio e pela fala Eu Te adoro.
- Mas é tudo em vão.
- Só valem Teu silêncio e Tua fala que me adoram.
- Lamentai-vos, Ó vós, gente da terra cinza, pois nós bebemos vosso vinho, e vos deixamos apenas os excrementos amargos.
- Porém, destes, nós vos distilaremos um licor além do néctar dos Deuses.
- Há valor em nossa tintura para um mundo de Especiaria e ouro.
- Pois nosso pó vermelho de projeção está além de todas as possibilidades.
- Há poucos homens; há bastantes.
- Estaremos cheios de escanções, e o vinho não é racionado.
- Ó querido, meu Deus! que festa que Tu proporcionaste.
- Vede as luzes e as flores e as donzelas!
- Provai dos vinhos e dos bolos e das carnes esplêndidas!
- Aspirai os perfumes e as nuvens de pequeninos deuses como ninfas dos bosques que habitam as narinas!
- Senti com vosso corpo inteiro a maciez gloriosa do mármore frio e o calor generoso do sol e dos escravos!
- Que o Invisível informe toda a devoradora Luz do seu vigor destrutivo!
- Sim! todo o mundo é separado em dois, como uma velha árvore cinza sob o relâmpago!
- Vinde, Ó vos deuses, e que nós festejemos.
- Tu, Ó meu querido, Ó meu incessante Deus-Pardal, meu deleite, meu desejo, meu enganador, vem Tu e chia na minha mão direita!
- Este foi o conto da memória de Al A'in, o sacerdote; sim, de Al A'in, o sacerdote.
VII
- Pela queima do incenso, foi a Palavra revelada, e pela droga distante.
- Ó farinha e mel e óleo! Ó bela bandeira da lua, que ela pendura no centro de felicidade!
- Estes afrouxam as ataduras do cadáver; estes desatam os pés de Osíris, para que o Deus flamejante possa bramar pelo firmamento com sua lança fantástica.
- Mas de puro mármore negro é a estátua triste, e a imutável dor dos olhos é amarga para os cegos.
- Nós compreendemos o êxtase daquele mármore mexido, despedaçado pelas dores do parto da criança coroada, a vara dourada do Deus dourado.
- Nós sabemos por que tudo está oculto na pedra, dentro do caixão, dentro do poderoso sepulcro, e nós também respondermos Olalám! Imál! Tutúlu! como está escrito no livro antigo.
- Três palavras daquele livro são como a vida para um novo æon; nenhum deus leu tudo.
- Mas Tu e Eu, Ó Deus, o escrevemos, página por página.
- Nossa é a undécupla leitura da palavra Undécupla.
- Estas sete letras juntas fazem sete palavras diversas; cada palavra é divina, e sete sentenças estão escondidas ali.
- Tu és a Palavra, Ó meu querido, meu senhor, meu mestre!
- Ó vem a mim, mistura o fogo e a água, tudo se dissolverá.
- Eu Te espero no sono, na vigília. Eu não mais Te invoco; pois Tu estás em mim, Ó Tu, que me transformaste num belo instrumento afinado para o Teu êxtase.
- Porém Tu estás sempre apartado, assim como Eu.
- Eu me lembro de um certo dia santo no ocaso do ano, no ocaso do Equinócio de Osíris, quando primeiro Eu Te contemplei visivelmente; quando primeiro a pavorosa questão foi decidida em luta; quando O cabeça-de-Íbis afastou a discórdia com seu encantamento.
- Eu me lembro do Teu primeiro beijo, assim como uma donzela se lembraria. Nem nos atalhos escuros havia outro; Teus beijos permanecem.
- Não existe outro ao Teu lado em todo o Universo do Amor.
- Meu Deus, Eu Te amo, Ó Tu, bode de chifres dourados!
- Tu, belo touro de Ápis! Tu, bela serpente de Apep! Tu, bela criança da Deusa Grávida!
- Tu Te mexeste em Teu sono, Ó antigo sofrimento dos anos! Tu levantaste Tua cabeça para golpear, e tudo está dissolvido no Abismo de Glória.
- Um fim para as letras das palavras! Um fim para a sétupla fala.
- Resolve-me a maravilha de tudo isso na figura de um rápido camelo magro em largas passadas sobre a areia.
- Solitário é ele, e abominável; porém ele ganhou a coroa.
- Oh regozijai-vos! regozijai-vos!
- Meu Deus! Ó meu Deus! Eu sou apenas uma partícula no pó estelar das idades; Eu sou o Mestre do Segredo das Coisas.
- Eu sou o Revelador e o Preparador. Minha é a espada - e a Mitra e a Baqueta Alada!
- Eu sou o Iniciador e o Destruidor. Meu é o Globo - e o Pássaro Bennu e o Lótus de Ísis, minha filha!
- Eu sou o Único além destes todos, e Eu carrego os símbolos da poderosa escuridão.
- Haverá um sigilo como de um vasto, negro, atormentado oceano de morte, e o brilho central da escuridão, radiando sua noite sobre tudo.
- Isto engolirá aquela escuridão menor.
- Mas, naquele profundo, quem responderá: O que é?
- Não Eu.
- Não Tu, Ó Deus!
- Vem, não mais arrazoemos juntos; que nós aproveitemos! Que nós sejamos nós mesmos, silentes, únicos, apartados.
- Ó bosques solitários do mundo! Em que recessos vós escondereis nosso amor?
- A floresta de lanças do Altíssimo é chamada Noite, e Hades, e o Dia de Cólera; mas Eu sou Seu capitão, e carrego Sua taça.
- Não me temais com meus lanceiros! Eles chacinarão os demônios, com suas presas mesquinhas. Vós sereis livres.
- Ah, escravos! vós não quereis - vós não sabeis como querer.
- Porém a música das minhas lanças será uma canção de liberdade.
- Um grande pássaro voltará do Abismo de Alegria, e vos carregará para serdes meus escanções.
- Vem, Ó meu Deus; que, em um último êxtase, nós atinjamos a União com os Muitos!
- No silêncio das Coisas, na Noite das Forças, além do amaldiçoado domínio das Três, que nós aproveitemos o nosso amor!
- Meu querido! Meu querido! para longe, para longe, além da Assembléia, e da Lei, e da Iluminação, para uma Anarquia de Solitude e Escuridão!
- Pois assim mesmo devemos velar o brilho de nosso Ser.
- Meu querido! Meu querido!
- Ó meu Deus, mas o amor em Mim explode sobre os laços de Espaço e Tempo; meu amor é derramado entre aqueles que não amam o amor.
- Meu vinho é derramado àqueles que nunca provaram vinho.
- Os fumos dele os intoxicará, e o vigor do meu amor gerará poderosos bebês de suas donzelas.
- Sim! sem bebida, sem abraço: - e a Voz respondeu Sim! estas coisas serão.
- Então, Eu busquei uma Palavra para Mim Mesmo; não, para mim mesmo.
- E a Palavra veio: Ó Tu! está bem. A nada atentes! Eu Te amo! Eu Te amo!
- Portanto Eu tive fé até o fim de tudo; sim, até o fim de tudo.
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